COMO O PLANEJAMENTO DEVE SER REAVALIADO AO LONGO DO ANO LETIVO

COMO O PLANEJAMENTO DEVE SER REAVALIADO AO LONGO DO ANO LETIVO

Como o planejamento deve ser feito e reavaliado ao longo do ano letivo?

É comum que o planejamento seja feito no início do ano, mas os professores devem ter em mente que sua reavaliação ao longo do período letivo é fundamental.

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Sempre associado às atividades de início de ano, o planejamento deve ocorrer de maneira constante durante todo o período letivo para manter o foco no que é mais importante: a aprendizagem do aluno.

Durante o horário da saída, uma professora levava sua turma de educação infantil ao encontro dos pais e se deparou com uma taturana no meio do caminho. Naqueles dias, as crianças haviam mostrado interesse em observar o movimento dos animais encontrados na escola, como insetos e passarinhos. A professora tinha então duas opções: parar para discutir com os alunos sobre o animal, e consequentemente alterar as atividades que tinha planejado para os dias seguintes, ou mudar seu trajeto e seguir com a saída, poupando sua rotina de uma confusão. A professora preferiu parar e observar a taturana com as crianças, que começaram a levantar hipóteses sobre os perigos que ela oferecia. Até que um dos alunos, no que ele acreditou ser um ato heroico, tirou o sapato e matou a lagarta.

“Uma menina começou a chorar, outra disse que o garoto era assassino, e ele achava que tinha salvado a turma. No outro dia minha rotina foi totalmente voltada para isso. Fizemos uma roda de conversa sobre o que tinha acontecido e tivemos a oportunidade de falar sobre o direito à vida e sobre o que representa tirar a vida de outro ser”, conta Luciana Haddad, coordenadora pedagógica do Colégio Integral, de Campinas, e protagonista da história acima.

Para a educadora, o relato serve de exemplo para mostrar que o planejamento didático não deve ser uma camisa de força. “Se eu não tivesse essa flexibilidade para olhar o que as crianças trazem, não teria a oportunidade de discutir todas essas questões com elas”, acredita.

Essa é uma lição para ter em mente nesse início de ano, em que educadores começam a colocar em prática o planejamento feito em janeiro: ainda que seja vital ter objetivos e um plano até o fim do ano letivo, é importante lembrar que 80% do que acontece dentro da sala de aula não está sob o controle dos professores, como afirma a professora da Faculdade de Educação da Unicamp e livre-docente em Psicologia Educacional, Ana Maria Falcão de Aragão. Por isso é importante que os educadores tenham uma observação sensível do que acontece cotidianamente e tenham clareza de suas metas e objetivos para poder aproveitar mesmo aquilo que não foi planejado em benefício da aprendizagem.

Replanejar o planejamento
Por isso, avaliar constantemente as ações em sala de aula e não ter medo de fazer alterações de rumo são pontos fundamentais para garantir um planejamento adequado. Para Ana Maria, o ideal é que planejamento cotidiano do professor seja feito semanalmente. “Assim o professor tem a possibilidade de analisar o que deve ser alterado”, afirma.

Além disso, se no início do ano os professores devem levantar os dilemas que enfrentam, no segundo semestre é a hora de fazer uma avaliação mais objetiva. “Precisamos pensar no que demos conta, no que precisa ser realizado e, especialmente, de quem é a responsabilidade dessas ações”, enfatiza a especialista.

Para ter sucesso na tarefa de planejar constantemente, Adriana Varani, professora da Faculdade de Educação da Unicamp, aconselha os professores a fazerem, na medida do possível, registros do que acontece em sala de aula para que eles possam refletir e rever ou reafirmar algumas ações. “O professor deve olhar permanentemente para as respostas que as crianças dão e fazer o replanejamento”. Além de as crianças responderem de maneiras diferentes ao processo de aprendizagem, Adriana aponta que a turma acaba exigindo outras demandas do professor e da escola.

“Se acontece um evento que extrapola o conteúdo previsto, mas que atrai o interesse dos alunos, isso pode se tornar um projeto que não foi necessariamente pensado no começo do ano”, exemplifica. “Desde coisas pequenas, como o aparecimento de uma cobra na escola até algo maior como a crise da água, se isso chamar a atenção das crianças não deve ser negado”, defende.

Fonte: http://revistaeducacao.com.br/textos/0/como-o-planejamento-deve-ser-feito-e-reavaliado-ao-longo-338619-1.asp

Trabalho em parceria
Nesse momento de avaliação, a equipe de gestão deve abrir espaço para o diálogo com o corpo docente. Vale ressaltar que o papel da coordenação não deve se restringir a cobranças burocráticas e administrativas, mas de orientação e colaboração. “O coordenador pedagógico não está lá para verificar se o planejamento está sendo cumprido, mas para pensar junto nas dificuldades e para repensar os movimentos”, alerta Adriana Varani.

Luciana Haddad, coordenadora pedagógica do Colégio Integral, afirma que é preciso dar autonomia ao professor e que a coordenação deve oferecer a ele um contraponto e estimulá-lo a ir além. “O papel do coordenador não é o de centralizador, mas ele tem de estar presente e oferecer a escuta e o diálogo. A ausência dessa atividade vai produzir práticas solitárias”.

Além da discussão entre corpo docente e gestão, Luciana destaca que a troca de ideias e reflexões dos professores sobre o trabalho dos colegas também é saudável. Buscar parcerias e construir uma rede de colaboração dentro da escola contribui para a continuidade do trabalho e novas experiências.

Veja algumas dicas de como fazer e dar continuidade a um bom planejamento:

1) Entender o Projeto Político Pedagógico da escola

2) Pensar em projetos e propostas diferenciadas, mas que sejam possíveis de serem executadas

3) Revisar e refletir a partir do que foi planejado
O movimento de voltar ao planejamento vai permitir que o professor olhe para os alunos e para o processo de aprendizagem de maneira mais ajustada

4) Ter uma escuta sensível do que está acontecendo cotidianamente na sala de aula
É importante, porém, que o professor tenha clareza de suas metas e objetivos

5) Investir no diálogo com outros profissionais da escola, sejam eles seus pares ou coordenadores
Isso permite que outras pessoas se envolvam e tornem seu planejamento viável.

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